domingo, 22 de novembro de 2015

Segregação

O que é Segregação?

Segregação é o ato de segregar, de por de lado, de separar, isolar ou apartar.
Segregação é o processo de dissociação mediante o qual indivíduos e grupos perdem o contato físico e social com outros indivíduos e grupos. Essa separação ou distância social e física é oriunda de fatores biológicos e sociais, como raça, riqueza, educação, religião, profissão, nacionalidade etc.

Segregação racial

Segregação racial é uma política que objetiva separar e/ou isolar no seio de uma sociedade as minorias raciais ou um grupo étnico específico. Na segregação racial os indivíduos ficam restritos a uma região delimitada, ou são criadas barreiras de comunicação social. Na segregação racial as pessoas ficam impedidas de usufruir dos seus direitos dentro da sociedade.
Um dos maiores exemplos de segregação racial foi o Apartheid, que ocorreu na África do Sul, onde os negros eram discriminados e foram criadas leis para não frequentaram os mesmos ambientes que os brancos. Depois de séculos, sob a liderança de Nelson Mandela, a luta contra o apartheid foi vitoriosa.
Outro famoso exemplo de segregação racial aconteceu nos Estados Unidos, com leis e atos declaradamento rascistas, em que afrodescendentes eram discriminados, não tendo os mesmo direitos das outras pessoas. Nos transportes, por exemplo, as pessoas negras tinham que se sentar obrigatoriamente na parte de trás do ônibus.


Segregação Espacial e Urbana

A segregação espacial e urbana é quando as classes sociais ficam concentradas em determinadas regiões ou bairros de uma cidade. Essa segregação ocorre em locais onde há uma grande diferença de renda entre os grupos, uns possuem todas as condições de moradia e serviços, e outros não possuem nada parecido.
Há críticas a muitos governos devido a segregação, uma vez que os próprios geralmente priorizam os investimentos e melhorias em áreas onde concentra-se a população com maior renda, aumentando assim a segregação, e ignorando as partes mais pobres da cidade. Os condomínios fechados são um grande exemplo de segregação urbana, uma vez que as pessoas buscam por segurança e tranquilidade, fazendo com que elas vão para determinadas áreas da cidade, e construindo muros para proteger as áreas perigosas, aumentando ainda mais a segregação.


Reportagem sobre a segregação nos anos 50


Ensaio fotográfico de Gordon Parks sobre a segregação racial dos anos 50 precisa ser revisto 


Cortesia e copyright The Gordon Parks Foundation 

“Do lado de fora, olhando para dentro”, Mobile, Alabama, 1956 Archival Pigment Print

No sul dos Estados Unidos, na década de 1950, os americanos negros eram obrigados a viver uma espécie de vida dupla.
Em casa e em volta da casa, as crianças subiam em árvores e brincavam, dando asas à imaginação, enquanto seus pais as olhavam com orgulho.
As famílias faziam as refeições juntas e contavam histórias, iam dormir e acordavam no dia seguinte, imersas nos altos e baixos normais do cotidiano.
Mas bastava saírem de casa para, na região segregada e regida pelas leis de Jim Crow, as famílias negras serem rebaixadas para cidadãs de segunda classe, separadas e NÃO iguais.
Em 1956 o fotógrafo autodidata Gordon Parks se lançou numa missão radical: documentar as incoerências e a desigualdade enfrentadas diariamente pelas famílias negras do Alabama.
Ele compilou as fotos num ensaio fotográfico publicado pela revista Life e intitulada História de Segregação Racial.
Sua esperança era que a documentação da discriminação mexeria com os corações e mentes do público americano, incitando mudanças de uma vez por todas.
As imagens, que durante décadas se pensou que estivessem perdidas, foram reencontradas recentemente pela The Gordon Parks Foundation na forma de transparências. Muitas delas nunca antes tinham sido vistas.
Elas estão expostas agora na Salon 94 Freemans, em Nova York, depois de terem passado um tempo em exposição no High Museum, em Atlanta.
Parks nasceu na pobreza em Fort Scott, Kansas, em 1912, o caçula de 15 irmãos.
Estudou numa escola primária racialmente segregada, onde os alunos negros não podiam praticar esportes ou atividades extracurriculares.
Um de seus professores aconselhava os alunos negros a não desperdiçarem dinheiro fazendo faculdade, já que todos “virariam empregadas domésticasou carregadores”, de qualquer jeito.
Ao longo de sua carreira Parks recebeu diplomas universitários honorários, um dos quais dedicou a esse professor específico.
Depois de formar-se no ensino médio ele trabalhou em vários empregos diferentes. Foi jogador de basquete semiprofissional, garçom, ajudante de garçom e pianista em um bordel.
Comprou sua primeira máquina fotográfica de uma loja de penhores e começou a fazer fotos, especializando-se inicialmente em retratos de moda de mulheres afro-americanas.
Cortesia e copyright The Gordon Parks Foundation Sem título, Shady Grove, Alabama, 1956 Archival Pigment Print As placas mostram o balcão para BRANCOS e PESSOAS DE COR

Em 1941, Parks iniciou um período trabalhando como fotógrafo para a Farm Security Administration (órgão criado nos EUA durante a Grande Depressão para combater a pobreza na zona rural americana) sob o comando de Roy Striker, seguindo o caminho trilhado por grandes fotógrafos de ação social, incluindo Jack Delano, Dorothea Lange e Arthur Rothstein.
Vi que a câmera poderia ser uma arma contra a pobreza, contra o racismo, contra males sociais de todos os tipos”, Parks disse a um entrevistador em 1999. “Naquele momento eu entendi que precisava ter uma câmera.”
Em 1948 Gordon Parks entrou para a equipe da revista Life, publicação predominantemente branca.
Foi nesse período que ele fez suas imagens mais icônicas, destacando a realidade revoltante do cotidiano negro através de uma lente que os leitores brancos enxergariam como “objetiva” e não ameaçadora.
“Segregation Story”, de Parks, é um manifesto disfarçado em favor dos direitos civis. À primeira vista, suas imagens bucólicas da vida numa cidade pequena parecem quase idílicas.
Não há sinais de violência, protestos ou rebelião pública. Em vez disso, vemos um pai comprando sorvete para seus dois filhos. É apenas quando olhamos mais atentamente que vemos a placa de “para pessoas de cor” ao alto.
Em 1964, em entrevista dada a Richard Doud, Parks explicou: “Eu tinha acabado de vir de Minnesota e Chicago – especialmente no Minnesota, as coisas raramente são segregadas, e muito raramente são em Chicago, pelo menos nos lugares onde eu tinha dinheiro para ir, entende”.
“Mas de repente eu estava ao nível das drugstores de esquina; eu levava meu filho para comer um cachorro quente ou tomar um leite maltado, e de repente estavam dizendo ‘não atendemos pretos’ – ou ‘crioulos’ em algumas seções – e ‘ você não pode ir ao cinema’.
Ou então ‘nem adianta entrar, não podemos lhe vender um casaco’. Não se recusando, mas não vendendo para mim, para desviar-se da coisa toda, entende? Voltei furioso, totalmente enfurecido, querendo minha câmera.
Roy perguntou: ‘Para quê?’ e eu disse que queria expor um pouco da corrupção que havia por aqui, essa discriminação. ‘Como você vai fazer?’ ‘Com minha câmera.’”


 Cortesia e copyright The Gordon Parks Foundation “Loja de Departamentos”, Mobile, Alabama, 1956 Archival Pigment Print ENTRADA PARA PESSOAS DE COR


O ensaio fotográfico acompanha as famílias Thornton, Causey e Tanner em seu cotidiano, entrando em detalhes íntimos e fascinantes.
Parks capta o contraste marcante entre a casa, onde um pai e uma mãe se sentam orgulhosos sob seu retrato de casamento, e o mundo de fora, onde as famílias são excluídas, separadas e oprimidas em função da cor de sua pele.
Na imagem acima, Joanne Wilson estava passando um dia de verão na rua com sua sobrinha quando o aroma de pipoca saiu de uma loja de departamentos.
Diante da porta, uma placa de “entrada para pessoas de cor”. “Eu não ia entrar”, Wilson contou ao New York Times, recordando o momento.
“Não queria levar minha sobrinha pela entrada dos fundos. Ela sentiu cheiro de pipoca e quis comer. Eu só estava pensando onde poderia comprar pipoca para ela.”
Esses momentos discretos, mas brutais, compõem o grito de guerra visual de Parks, um apelo estético lançado para tentar despertar a empatia do povo americano.
Quando a edição da Life foi publicada, “gerou uma tempestade de reações no Alabama”, segundo o Salon 94.
As fotos icônicas contribuíram para que uma fase terrível na história americana fosse encerrada e fizeram parte do esforço concertado para acabar com a segregação racial.
Quase 60 anos mais tarde, as fotos de Gordon Parks continuam tão relevantes quanto nunca.
Nós, como nação, focamos sobre os avanços conquistados contra a discriminação e a opressão, mas momentos contemporâneos como os que ocorreram em Ferguson (Missouri), Baltimore (Maryland) e Charleston (Carolina do Sul) contam uma história diferente.
Muitos fotógrafos seguiram os rastros de Parks, iluminando rostos desconhecidos e amplificando vozes silenciadas há muito tempo.
Uma dessas fotógrafas é LaToya Ruby Frazier, que recentemente recebeu o “Prêmio Gênio” da Fundação MacArthur.
Ela documenta a vida familiar em sua cidade natal – Braddock Pensilvânia, que passa por enormes dificuldades desde a queda da indústria siderúrgica.
Para Frazier, como para Parks, uma câmera pode servir de arma quando transformações parecem impossíveis e o progresso corre fora de controle.
“Me sinto muito empoderada pela câmera, porque quando você pode lançar um olhar contundente sobre uma crise, isso a ajuda a enfrentar a perda, a luta e a dor”, ela explicou à Rádio Pública Nacional.
“E ela nos ajuda a criar um documento humano, um arquivo, uma evidência da desigualdade, das injustiças feitas às pessoas da classe trabalhadora. É um testemunho. Este é o meu testemunho, é o meu chamado por justiça social. E é também uma maneira de eu incluir na história as pessoas que foram excluídas dela, de incluir a nós todos na narrativa.”
Cortesia e copyright The Gordon Parks Foundation 
Sem título, Alabama, 1956 Archival Pigment Print
ortesia e copyright The Gordon Parks Foundation 
“Sr. e Sra. Albert Thornton”, Mobile, Alabama, 1956


Cortesia e copyright The Gordon Parks Foundation 
Sem título, Alabama, 1956 Archival Pigment Print
Salon 94 Cortesia e copyright The Gordon Parks Foundation
“Barbearia em casa”, Shady Grove, Alabama, 1956 Archival Pigment Print
Cortesia e copyright The Gordon Parks Foundation
“Crianças brincando”, Mobile, Alabama, 1956 Archival Pigment Print

  • Cortesia e copyright The Gordon Parks Foundation

      • Ondria Tanner e sua avó olhando vitrines”, Mobile, Alabama, 1956 Archival Pigment Print
      Este artigo foi originalmente publicado pelo HuffPost US e traduzido do inglês.

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